respire

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domingo, 29 de agosto de 2010

Espera

"Nós somos e porquê somos esperamos sempre por algo"
Tatiana Palm



      Posso, tranquilamente, me comparar a um pêndulo, porque existe em mim uma oscilação existencial entre o sim e o não. Oscilo entre o não me sentir em casa (mundo) e a vontade de estar em casa. A inquietude é o fundamento do não e, agora, tornou-se evidente que a causa da inquietude é a finitude. Isso tudo já estava aí, pulsante; já se apresentava à consciência, por mim era inominável.
    A inquietação me põe à caminho. No caminho agora estou sozinha, entregue a mim mesma e a ninguém mais. O que sou, serei ou deixarei de ser é de minha única e exclusiva responsabilidade. No momento, não há a companhia do outro e, portanto, nem a ilusão de não estar sozinha na tarefa de ser o que se é. Essa responsabilidade que recai sobre mim, certamente, com a companhia do outro se torna mais leve e menos evidente. Estou entregue a mim mesma como nunca estive antes. Se são as preocupações com as ocupações cotidianas e com os outros o que nos desviam de nós mesmos, agora, distante disso não deixo de estar preocupada, a diferença é que me pré-ocupo exclusivamente com meu próprio ser, com o meu ser si mesmo. Qual das preocupações é pior? aquela que andamos esquecidos do nosso "si mesmo" ou aquela em que estamos cheios de nós mesmos?

2 comentários:

  1. Certamente ocupar-se de si mesmo é uma tarefa mais árdua do que ocupar-se com as coisas do mundo ou com os outros. Basta lembrar que há pessoas que simplesmente não suportam a propria companhia e inventam qualquer ruído para fugirem de si mesmas. Aos fortes resta a grande batalha consigo mesmo, transformar a si mesmo e a própria existência em um campo de batalha é tarefa para espíritos fortes. Ninguém sai ileso deste combate, mas este é o único caminho para mudarmos o que somos (não que isto seja sempre bom ou traga sempre boas experiências, mas quem não ousar, continuará para sempre a ser um "bicho pequeno", fadado a uma eterna menoridade).

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  2. Precebo que fui compreendida. Cada vez, sempre mais, tenho a certeza de ter ao meu lado a pessoa certa. Tuas palavras me dao força, elas desvendam o que na solidao se mostra obscuro.

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