Caminhos:
Andarilhos entre a vida e a morte
Luciano Palm
A vida pode ser comparada a uma caminhada na qual apenas dois pontos são exata- e necessariamente os mesmos para todos os andarilhos, o início e o fim, ou seja, o nascimento e a morte. Nesta caminhada cada andarilho escolherá o caminho a ser percorrido a fim de ligar os dois pontos da trajetória. Alguns optam por trilhar caminhos já trilhados, outros, utilizando-se das ferramentas que a vida lhes ofertou, enredam por outras veredas, abrindo novos horizontes e criando novas alternativas para o mundo. Os últimos possuem o que se chama de autonomia, exatamente o que a Filosofia se propõe a despertar nos sujeitos, ou seja, a competência de pensar por si mesmo e tomar decisões conscientes e razoáveis perante as situações da vida.
A todo momento somos convocados a fazer escolhas e tomar decisões ao longo da vida, e, é destas escolhas que dependerá a nossa felicidade ou a nossa infelicidade, nossa satisfação e realização ou a nossa insatisfação, nosso sucesso ou fracasso. No entanto, felicidade, satisfação e sucesso, são conceitos bastante amplos, cada sujeito os pinta das cores que mais o agradam, isto é, dá a eles os significados que melhor coincidem com sua própria personalidade e trajetória. Uns encontram e colocam tais significados na realização profissional, outros no amor, outros ainda na criação artística ou na música, etc.. Contudo, em última instância, o que realmente importa não é necessariamente em que cada qual encontrará sua felicidade e sua realização, o que realmente importa é que cada qual seja feliz e se realize com o que faz e com o modo como vive, pois, no fim, nada mais importa.
Além disso, é sempre importante e oportuno lembrar que as escolhas são sempre NOSSAS escolhas, ou seja, são escolhas individuais e pessoais. É evidente que é de grande valia (e até aconselhável) ouvir os conselhos e orientações daqueles que são mais experientes e nos quais confiamos, como nossos pais e professores por exemplo. Porém, nem por isso, devemos fazer sempre exatamente aquilo que os outros nos aconselharam fazer, mesmo que sejam pessoas que evidentemente nos querem bem, pois, nem sempre o que é bom para os outros coincidirá com o que é bom para você. Pois, tenham a absoluta certeza de que, tanto para os pais, quanto para os professores, muito mais importante do que ver seus filhos e estudantes fazerem aquilo que eles lhes aconselharam, é vê-los fazendo aquilo que lhes realize, aquilo que os façam pessoas felizes e de bem com a vida.
Para encerrar, eu gostaria apenas de lembrar o seguinte: que num mundo e numa sociedade como a nossa, capitalista e fortemente fundamentada no dinheiro, nós jamais devemos nos descuidar de nossa espiritualidade e de nossa dimensão essencialmente humana. É evidente que é importante (e inclusive fundamental) buscarmos e conquistarmos uma situação financeira estável para adquirir os bens materiais que julgamos importantes para o nosso conforto e satisfação. Porém, para que tudo isto valha a pena, antes de sermos um bom profissional, devemos nos preocupar em sermos boas pessoas, felizes, realizadas, justas e corretas em nossas ações e intenções. Pois, futuramente, nossos filhos e netos não quererão saber quantos mil reais nós conseguimos acumular, mas nos questionarão sobre qual mundo nós construímos e deixamos de herança para as futuras gerações.
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