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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pais e filhos

Pais e filhos
Luciano Palm
         De repente os filhos crescem e escapam das mãos de seus pais... de seus olhos, de sua compreensão, de seus braços e de seus abraços. Nada além da relação genética os mantém ligados, são estranhos, mesmo que ainda possam eventualmente identificar algum traço físico semelhante.
Ou talvez, no fundo, nem sejam assim tão diferentes, e, tudo não passe de mera questão de tamanho, idade ou geração. Sei lá... mas a distância é grande, há um abismo que os separa e a névoa brumosa quase impossibilita que se vejam uns aos outros, mesmo quando estão grudados, colados, desesperada- ou formalmente abraçados, continuam gélida- e absolutamente sós.
         Ninguém sabe ao certo quando, nem onde os laços se romperam (ou sequer se em algum momento realmente existiram) ou se tudo não passara apenas de uma simples e bonita ilusão, nascida nos jardins inocentes do coração pequenino e gigante da criança que um dia andou por aqui (e assim como todo o resto se perdeu pelo caminho). Por que falar em culpa? E quem está falando de culpa? Ninguém é culpado de nada, os caminhos e encruzilhadas desta vida são sempre tão incertos e vacilantes...
Que um dia nossas vistas ficam turvas e só conseguimos ver reflexos em meio a névoa densa das incompreensões, das feridas, das ofensas e dos rancores reais ou criados pela confusão de nossas emoções e sentimentos. Já dissemos amor, embalados e embalando vários sonhos, hoje dizemos quem sabe, amanhã diremos adeus a chance que nunca nos demos. 

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