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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Só se for a dois

Só se for a dois
Luciano Palm
         Aqui não me proporei a nenhuma reflexão muito séria, será mais um parangolé, ou seja, uma conversa gostosa, um bate-papo entre amigos. Vários amigos e conhecidos defendem a idéia de que a monogamia é anti-natural e que foi imposta a ferro e fogo por questões morais, religiosas e, principalmente, para a defesa da propriedade privada, sobretudo com o advento do capitalismo. De acordo com suas argumentações, é unicamente de interesse feminino a manutenção e a defesa da monogamia, já que mulheres podem fecundar apenas um óvulo por mês, enquanto que homens produzem milhões de espermatozóides (e podem fecundar diversas fêmeas) no mesmo período.
          No entanto, acredito que não tenhamos dado tantos (porém, por vezes,  duvidosos) passos no caminho de nossa evolução para voltarmos a ser "macacos" (risos). Mesmo em algumas espécies animais, como os pinguins, joãos-de-barro e algumas espécies de baleias, são exemplos de que mesmo no reino animal a monogamia também é uma prática presente. Inclusive, os pinguins, além de serem monogâmicos, são também belos exemplos de verdadeira fidelidade, pois, além de terem uma única companheira por toda a vida, no caso em que esta venha a falecer, ele não cruzará nunca mais com outra fêmea. Mas, não estou aqui para discutir os casos e acasos do reino animal (risos), são as relações humanas que me interessam mais diretamente.
           Nesse sentido, em primeiro lugar, não nego, de maneira alguma, o desejo (quando um homem vê uma mulher atraente, ele inevitavelmente quererá levá-la para a cama e manter relações sexuais com ela). Porém, este é o animal homem se manifestando. É claro que também somos animais e, de modo algum, pretendo fugir, ignorar ou silenciar esta animalidade, somente acho que ela não deva ser a única voz a determinar nossas existências. Além disso, se formos razoáveis, realistas e sinceros, teremos que concordar que nenhum homem conseguirá transar com todas as mulheres atraentes e gostosas que encontrar em sua vida, assim como, nenhuma mulher conseguirá transar com todos os homens atraentes e gostosos que encontrar (sim, porque se há desejo de um lado, também o há de outro, afinal, somos todos este estranho animal que é o ser humano).
           Por outro lado, como já comentei em outro escrito, para o ser humano, o sexo extrapola sua mera animalidade, ganhando também feições sociais, psicológicas, emocionais e afetivas, enfim, para o ser humano o sexo também é um produto ou resultado da cultura. Desse modo, transar com alguém baseado apenas na animalidade ou na atração física, pode resultar em uma experiência pouco prazerosa. Após uma relação deste tipo, comumente, pode-se ter sensações e sentimentos desagradáveis como asco, nojo e, dependendo do caso, até náuseas; o certo é que não veremos a hora de nos desfazer da parceira(o) o mais rápido possível após o gozo.
          Antes de concluir, e, aproveitando a refleão (mesmo que despretensiosa)sobre a sexualidade e alguns de seus tabus ou dilemas, eu gostaria de incluir uma última última observação sobre um aspecto que até aqui não fora abordado, qual seja, a hetero- e a homossexualidade. Pois bem, nesse sentido, se observarmos uma criança em sua primeira infância (a não ser que olhemos para seus órgãos genitais), não conseguiremos definir precisamente sua sexualidade. Há um conceito na Biologia que descreve tal situação, consiste no conceito de diformismo sexual, que corresponde a semelhança entre machos e fêmeas de algumas espécies no início de suas vidas. Isto ocorre com a espécie humana, mas também com outras espécies, como os leões, pavões, galos e galinhas, que só assumem características masculinas ou femininas no decorrer de suas vidas. Assim, na espécie humana não há diformismo sexual na primeira infância. Desse modo, os pais ou responsáveis logo se apressam a colocar adereços como brincos, roupinhas azuis ou rosas, a fim de acenar aos olhares dos outros a sexualidade da criança. Nesse sentido, considero que a sexualidade seja definida, sobretudo, como uma característica cultural, muito mais do que um aspecto natural, como pensa a maioria.
          Para finalizar, já que a presente reflexão deu ênfase à discussão sobre a monogamia ou a poligamia, eu gostaria de expor a minha posição pessoal a este respeito. Pois bem, digo então que, sou adepto e considero a monogamia a melhor e mais plena forma de relação conjugal. E isto, não por motivações morais ou entraves e impedimentos religiosos, não é por pudor que opto pela monogamia. É bem verdade que, atualmente, com as diversas doenças sexualmente transmissíveis, a monogamia acabe sendo inclusive aconselhável, por uma questão de saúde pública. Mas, além disso, como disse anteriormente, para o ser humano o caráter cultural da sexualidade tem primazia sobre seu caráter meramente animal (ao menos para aqueles que pensam (risos)). Desse modo, o sexo deve ser (sempre segundo minha humilde, subjetiva e pessoal opinião) o coroamento de uma relação de respeito, carinho, afeto e companheirismo. E não a liberação do animal que habita em nós (risos).

2 comentários:

  1. Nossa!! texto muito bem escrito. Concordo contigo, embora jà fui de opiniao contrària. e nao posso deixar de mencionar que hà no sexo a possibilidade de alcaçar um estado que chamo de divino e o porque disso vc certamente compreende. Essa experiencia, sem duvida, pode ser vivenciada em uma relaçao monogamica e nao em outra qualquer.

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  2. P.S. esqueci de mencionar a imagem!!
    gostei, mas despertou em mim uma coisa que começa com SAU e termina com DADE.

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