Opportunitti
Luciano Palm
A palavra oportunidade, tem sua origem nos ventos que sopram no Mar Mediterâneo. Quem me esninou isto (assim como o significado do termo banzo) foi um querido amigo, professor de geografia. Um goiano de uma sabedoria e simpatia singulares, seu nome é Natal (devido ao seu nascimento), mas a verdadeira boa-nova se encontra no fato dele compartilhar sua amizade comigo (muito obrigado professor pelas conversas, pelos churrascos, pelo feijões tropeiros, pela companhia nos domingos de solidão compartilhada (já que tanto, eu quanto ele nos encontramos distantes de nossas esposas), enfim, obrigado pelos momentos de alegria). Mas, voltemos ao opportunitti.
Conta-se que, quando os pescadores da costa do Mediterâneo, região que incluiria hoje a costa da Itália, saíam para sua lida diária, aguardavam, no momento da volta, o sopro de um vento específico, o opportunitti. Diz-se que após terem efetuado a pesca, os pescadores aguardavam o opportunitti e, no momento em que ele chegava, era só astear as velas, que o esperado vento conduzia os navegantes e suas embarcações (em segurança e sem grandes esforços) até a costa. A partir de então, a palavra oportunidade ganhou o mundo e passou a ser sinônimo universal de uma chance de poder-se alcançar os objetivos almejados.
Desse modo, como minha esposa se encontra atualmente na costa da Itália, eu gostaria que o opportunitti soprasse a seu favor, para que o mais rapidamente possível possamos estar juntos novamente. E, mesmo que não seja mais possível estarmos novamente juntos, porque aparentemente cada qual está seguindo um curso distinto e próprio na vida, ainda assim, desejo, muito sinceramente, que ambos tenhamos boas oportunidades e que, através e com elas, possamos realizar nossos sonhos, sendo tão felizes quanto se possa ser nesta humana existência. Quanto a nós dois? Deixa estar. E se for a hora do definitivo adeus, se nosso caso está na hora de acabar, guardemos reluzentes na memória os momentos de ouro e de glória que passamos juntos, fomos então como dois navios que, durante um tempo, navegaram lado a lado. Depois? Depois cada qual segue seu curso, mas nunca indiferentes ao saudosos tempo em que se navegava de mãos dadas, trocando carícias, infantilidades e juras de amor. Tais momentos estão marcados nos cascos de ambos navios (e em nossos corações) feito tatuagem ou cicatriz, enfim, como diz a canção o pra sempre, sempre acaba, mas deixa certamente profundas e definitivas marcas e sinais (ensinam literalmente).
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