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terça-feira, 27 de setembro de 2011

O professor precisa sonhar

O PROFESSOR PRECISA SONHAR
Tatiana Palm
 
          Sonhos fazem parte da vida, ambos deveriam andar lado a lado. Os sonhos nos põem em movimento, é o que nos faz querer mais do que aquilo que resignadamente somos, é aquilo que nos motiva num momento de desespero existencial, é o que nos mantém vivos. Se for mais do que um sonho particular, se for um sonho sonhado junto, coletivo, o seu poder é ainda maior. Toda a realidade se torna pequena, todo o sofrimento é amenizado. Sonhando, a vida se ressignifica, magicamente. Ter uma sonho coletivo é compartilhar de um mesmo ideal e, assim, transcender a vida humana demasiada humana. Quando já não podemos sonhar ... aí a vida se torna cruel, sem cor. Nós nos tornamos pesados, pragmáticos, infelizes, chatos e, não poucas vezes, uma companhia que ninguém faz questão de ter. Se não sonhamos vivemos apenas com o que a vida oferece e, para muitos, ela oferece muito pouco. Eis a verdade de Schopenhauer: a vida é sofrimento e, eu acrescentaria, grande quando ela é sem sonho.
          Claro, não poderia ser diferente com o condutor da bildung, com o semeador dos sonhos ... como pode semear aquilo que não tem? O sonho para um professor é vital. Sem ele não passa de uma mero espectro executor de funções assim como é um funcionário de uma fábrica. Fato é que a realidade, cruel, anda roubando o sonho dos professores: sua carga horária, sua cobrança por eficiência, sua culpa por saber que deveria estar fazendo mais, a exigência das notas e da aprovação, a organização escolar, seu correr de escola em escola, a preocupação por pagar as contas, dar atenção aos filhos, cuidar da casa ... tudo rouba o seu tempo, o preenche, não deixa espaço para sonhar. Está exausto ao deitar em sua cama, está exageradamente desiludido para, quando acordado, sonhar que pode fazer a diferença, que pode mudar as pessoas, que pode melhorar o mundo. A realidade escolar é cruel, sufoca, imobiliza, empobrece, mutila o imaginário. Sem imaginário não há sonho!

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