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segunda-feira, 11 de março de 2013

Porque hoje é domingo

Porque hoje é domingo
(Colinas)
 
Tatiana Palm
 
Porque hoje é domingo o tempo se desfaz mais lentamente, a gente fica contente, se vive em outro ritmo. Se o almoço atrasar, não tem problema; se acordar mais tarde, não tem problema, porque hoje é domingo e obedecemos o ritmo natural atropelado, ignorado, em tempo de dias de semana. Hoje é domingo porque nas pequenas cidades, aquelas movidas pelo ritmo, barulho e apito das fábricas, hoje é o dia em que o marido sai para comprar no supermercado, bate um papo com o comerciante, compra  a carne para o tradicional churrasco ... No interior da pequena cidade, lugarzinho não muito distante, o ritmo é outro, mas sem deixar de ser ritmo de domingo. A manhã do domingo é dedicada a missa e depois ao papo, ao boteco. À tarde ou acontece a festa em uma comunidade ou uma partida de futebol, aliás disputadíssima. 
Neste domingo, no ritmo de domingo, saímos para passear pelo nosso interior, que sempre está tão longe e tão perto. Para nossa alegria, em nosso interior, ainda podemos percorrer ruas estreitas, de terra, cheia de árvores, de fores e cheiro do mato. Um destes caminhos de cura, de aromaterapia, da Harmonia nos conduziu até Colinas, uma cidadezinha acolhedora, de jardins floridos, de pouco contraste exceto pela visível crença religiosa.
 Essa cidadezinha interiorana encanta, convida para lá morar, e, como se já não bastasse isso, nos faz recordar da nossa infância esquecida nos lembrando que anda se aproximando a Páscoa. Sim, ali, em Colinas, alguém pensou carinhosa e detalhadamente sobre a localização das flores, das cenouras, das bicicletas, dos coelhos. Não sei se era intenção mas os coelhos e as cenouras avivam recordações de criança.
 
 O bonito mesmo é o que está além, por trás, daquilo que vemos.
O que transcende a beleza dos jardins, o encanto das ruas, é a gente de Colinas. Gente que se sente parte da sua cidade e tem a cidade como parte de si, gente que respeita o que é feito pelo outro como se tivesse sido feito por ele mesmo. Gente que reconhece o valor da cooperação e desconhece a separação entre público e privado. Um espaço privado como o jardim se torna público e o espaço público como uma praça ou uma calçada se torna particular. E quando a esfera do particular interage com a esfera do público e vice-versa descobre-se a complementariedade e não a dualidade.


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