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terça-feira, 24 de agosto de 2010

A mascarada

A mascarada:
O palco da vida


Luciano Palm
     Podemos comparar a vida em sociedade a uma encenação teatral, em que o palco seria a própria sociedade, e os atores, as pessoas. Inclusive, a palavra latina persona , será o fundamento de palavras e conceitos como pessoa, personagem e personalidade. Vivendo em sociedade, somos convocados a assumir determinados papéis sociais (o pai, o irmão, a mãe, o médico, o arquiteto, o mecânico, etc.). Tais papéis sociais são criados e determinados pela própria estrutura social, sendo assim, neles já está incluído um conjunto de comportamentos, atitudes e funções correspondentes (aquilo que se espera de um bom pai, mãe, médico, estudante...). Desse modo, os papéis sociais já estão pré-determinados (ao menos como tipos ou modelos) antes do nascimento de um indivíduo e continuarão a existir mesmo depois de sua morte.
     Os diferentes palcos, ou seja, as diferentes culturas e sociedades, guardam alguns papéis sociais específicos e peculiares, mas muitos deles se repetem (o pai, a mãe, o professor, o sacerdote, etc.), recebendo configurações e significados distintos. As obrigações e direitos de um marido nas sociedades ocidentais são, por exemplo, diferentes daquelas exigidas de um marido oriental, indiano ou muçulmano.
       Mas a pergunta que nos cabe fazer agora é: Como e o que cria e determina os papéis sociais?
     Dissemos anteriormente que eles eram determinados pela estrutura social, mas podemos ser ainda mais precisos dizendo que é a moral, a organização social, política e econômica que determinam tais papéis. Nesse sentido, os papéis sociais existem para manter a estabilidade e o funcionamento da estrutura social e nós somos os atores a representar os personagens. Além disso, os meios de formação e educação, assim como as definições gerais de sanidade e loucura, crime e legalidade, também são determinadas a partir de uma adequação maior ou menor aos papéis sociais.
     Com esta exposição, não queremos dizer que não se pode ter autonomia, ser criativo e autêntico em nossa vivência social. Observamos apenas que, em primeiro lugar, devemos tomar consciência do mecanismo da estrutura social, assim, as chances de realização, satisfação com a própria existência e de atingir isto a que em geral se chama de felicidade, serão consideravelmente maiores. Em segundo lugar, o bom exercício da cidadania é mais facilmente alcançável quando tomamos consciência de que as mais diferentes esferas sociais (palcos, ou cenas) exigem distintos comportamentos e atitudes. Esta tomada de consciência é fundamental para que o indivíduo possa obter êxito no jogo social e poder cooperar na construção positiva de uma ordem pública e inter-subjetiva que favoreça a realização pessoal no convívio e na cooperação edificante com os outros (e não em disputa e conflito constante com os mesmos, como acontece atualmente nas sociedades industriais e capitalistas ocidentais).

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