Vita Brevis
Luciano Palm
Luciano Palm
“Nenhum homem chega a seu destino se não sabe para onde vai.” Sêneca
Tudo no mundo está intrinsecamente conectado, mesmo que na maioria das vezes ignoremos este fato. Vivemos como lobos solitários, encarando o mundo como um lugar hostil e perigoso e identificando nos outros inimigos ferozes e perigosos. Não digo que não há perigo algum rondando a nossa volta, no entanto, o maior deles, consiste certamente em nossa incompreensão em relação aos outros e à vida.
Todas as nossas intenções, voluntária ou involuntariamente, são externadas e influenciam o mundo e as pessoas a nossa volta. Desse modo, nossos estados internos são diretamente responsáveis por nosso bem-estar ou mal-estar, nossa alta ou baixa-estima e, em última instância, por nossa felicidade ou infelicidade. Contudo, o poder que se atribui às intenções, não deve conduzir ao equívoco de que todas as situações, ou mesmo nossa condição, dependem exclusivamente delas.
Pois, a vida pode ser interpretada, de acordo com nossa linguagem metafórica, como uma grande rede de intenções e atos. Porém, as vezes, os atos traem as intenções, entrando inclusive em desconexão com elas. Além disso, se por um lado podemos ter algum controle (ou ao menos uma ilusão de controle) sobre nossas intenções; condicionando elas segundo nossa vontade. O mesmo já não ocorre com nossos atos e os efeitos que eles desencadeiam. Uma vez que se efetive uma intenção em ato, perde-se completamente o domínio sobre os efeitos que daí possa resultar. A partir de então, vivemos tentando, infrutiferamente, fazer com que nossos atos correspondam, ou condizam com nossas intenções.
Mas, e se houvesse um segredo, uma forma de sintonizar intenções e atos, qual seria ele?
Pessoalmente, acredito que um passo nesta direção poderia ser dado partindo-se da compreensão de dois conceitos clássicos, ou seja, os conceitos de harmonia e equilíbrio. Além, é claro, de exercitarmos (de forma verdadeira e sincera) nosso altruísmo, em face do egoísmo sufocante e mórbido, em voga atualmente. Quando falo do altruísmo, não o compreendo necessariamente segundo seu significado usual de uma atitude desinteressada em relação ao outro, senão como a atitude psicológica, mencionada muitas vezes por Nietzsche, capaz de diagnosticar as intenções dos outros que configuram o nosso horizonte de ação. Para, desse modo, se alcançar melhor êxito na correspondência entre intenções e atos. E também, em última instância, para conseguirmos efetivar nossa Vontade de Potência sobre a dos demais.
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