respire

respire

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Uma cidade que não é qualquer cidade

UMA CIDADE QUE NÃO É QUALQUER CIDADE


Tatiana Palm

          O lugar em que moro tem uma via que se chama láctea e uma rota que é do sol. É terra de gente branca, os olhos da cor do mar não é coisa rara. É um solo colonizado e cultivado pelos teuto-nicos. “Teuto-”, que significa de origem germânica, é o prefixo que da origem ao nome Teutônia. Nesta pequena cidade, a fábrica dita o ritmo da vida. O sentimento é de estar vivendo no século XIX, período do surgimento das fábricas e do trabalho assalariado-escravizado.
          Tudo reflete o operário assalariado: o carro popular, comprado a prestações a perder de vista, tratado com muito cuidado e usado para a viagem de férias: ir até a praia. As construções das casas, uma ao lado da outra, quase todas com uma mesma arquitetura, que honra a funcionalidade das fábricas, sem nenhum luxo ou requinte, servem apenas para abrigar o sono exausto da exploração diária. Casas com cores diversas que contrastam com o seu pequeno jardim, casas construídas para serem pagas por quase todo o tempo de vida útil do trabalhador escravizado e caso a vida for curta cabe ao bom filho herdar a dívida paterna. A mentalidade também não está distante da realidade da fábrica: mesmo em momentos de lazer, o operário deve estar desempenhando uma função, porque um bom operário não deve se permitir o ócio, ao contrário, deve se manter ocupado ainda que fora da fábrica. Nas escolas segue a mesma lógica da produção. Trabalhadores da educação não se importam em cumprir mais do que o seu horário de trabalho remunerado, ao contrário, parecem não sentir desprazer em dedicar suas horas de lazer a tarefas escolares.
          O apito da fábrica soa e lá vão eles, operários escravizados, com seus uniformes, seguem a passos apressados, mulheres, antes, cumpriram a sua obrigação de por o café na mesa, de deixar o filho na creche, de deixar a comida pronta. Soa o apito outra vez, abrem-se os portões da fábrica e lá vão eles, trabalhadores explorados, marchando para casa como ovelhas, em bandos, ordenados, uniformizados. Soa o apito do guarda, pára o transito, o rebanho passa. Soa o apito do trem que atravessa a cidade dos operários, que estão sentados em frente a televisão assistindo o jornal nacional e indignados com a violência, mas, conformados em relação a violêncoia do salário mensal. Como disse Millôr Fernandes: “para não ver a realidade, o avestruz afunda a cabeça no televisor”. A fábrica apita, o trem apita, mas, os operários não acordam para a sua situação miserável. Eles aceitam olhar para si mesmos com os olhos do empregador.

2 comentários:

  1. fazer oq vivemos em um sistema , q noss.. manipula
    inventado la no tempo do INferno hauahuhuaeu creio que seja tarde para q nós[/para alguns], simple[/s] "escravos", conseguimos fugir disto.

    de: Alexandre B. [/ bySATAN ] \m/

    ResponderExcluir
  2. Uma vida estéril e sem cor, que as ovelhas nem se dão conta da direção que chegam os lobos!

    ResponderExcluir