A casa do ser
Luciano Palm
Não sabemos como chegamos assim como não sabemos quando vamos, a vida escorre em meio a dois pontos de absoluto desconhecimento, dois "buracos negros" separam a vida e a morte. Ainda assim, desperdiçamos muito tempo com coisas fúteis, sentimos tédio e medimos o tempo com exatidão cada vez mais precisa, temendo que um dia o percamos definitivamente.
Desperdiçamos tempo demais com coisas desnecessárias e dedicamos pouco tempo àquilo que realmente importa. Cuidamos muito de nosso patrimônio, mas nos descuidamos irresponsavelmente do tempo, que é o patrimônio mais precioso de todo ser finito. Adiamos nossa felicidade para o futuro e esperamos que ele se realize como num passe de mágica.
O eterno agora é nosso campo de batalha. Todas as possibilidades se apresentam no agora. A efetivação de alguma possibilidade depende de uma atitude intencional clara e determinada. A clareza de tal intenção, por sua vez, depende da resposta a uma questão muito simples: _ O que eu quero- É, eu sei, mas de resposta dificílima. Nossa vontade se movimenta em torvelinho, é um furacão intempestivo. Em nada lembra a dama de Atena, a deusa de Apolo, a razão (que insiste em trilhar caminhos objetivos apesar da inconstância do solo movediço da vida).
Me digam: Quem seria tão tolo a ponto de adiar a sua vida até sua aposentadoria (se é que ela virá)- Sim, eu também acho, as vezes, parecemos crianças enganadas no teatro, sempre a espera do gran finale que nunca chega, que é eternamente postergado. Mas o "acho" é doxa, não interessa e não é válido para nosso mundo saturado de racionalizações. Ele exige episteme a cada passo. E neste caso, a episteme está acasalando no ventre da vontade. E ele diz: _ Eu quero! O que mesmo- Pois é...
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