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terça-feira, 11 de outubro de 2016

A República Planetária

A República Planetária:
Comunidades Locais e a Teia da Vida
Luciano Palm
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          A globalização do modelo civilizatório ocidental fez com todos os recantos do planeta ficassem massificantemente semelhantes. Por todos os lados é a mesma exploração, é a mesma divisão, é a mesma deteriorização, é a mesma decadência suicida. O planeta se transformou em uma grande indústria, sujo e poluído como uma fábrica do século XIX, racionalizado e desumanizado como um campo de concentração do século XX, confuso, perdido e selvagem como a máquina corporativa e burocrática do mercado financeiro internacional dos séculos XX e XXI. Apesar disso, ainda há quem pense que as soluções para as mazelas do mundo possam brotar do seio da economia, com o aumento da produção industrial, com o fortalecimento do mercado financeiro e com a abertura de novas vagas de emprego (por mais, e cada vez mais, precarizadas que sejam). Como se todos os problemas da humanidade fossem resolvidos com o ajuste de contas da caótica e predatória contabilidade capitalista. Há também, no outro pólo, aqueles que numa leitura conjuntural esquizofrênica e descolada da realidade se imaginam na aurora do século XX, em pleno fluxo da revolução bolchevique, que acham que uma revolução socialista aos moldes de Marx e Lênin poderia representar a redenção da humanidade. A todos, um humilde e singelo convite: DESPERTEM DE SEU SONO DOGMÁTICO, POIS, DO CONTRÁRIO, AMANHÃ PODERÁ SER TARDE DEMAIS!
          Façamos agora uma análise mais pormenorizada da atual situação política brasileira, a fim de diagnosticarmos o quão distantes estamos da abordagem do cerne da questão e para verificarmos de que maneira estamos literalmente desperdiçando nossas energias e desgastando relações com tolices vãs e secundárias. Primeiramente... sim, "FORA TEMER"! Michel Temer na presidência do Brasil representa um retrocesso inacreditável na história política do país e uma vergonha internacional pelo modo escuso e desleal através do qual esse verdadeiro fantoche do capital especulativo internacional e sua quadrilha chegaram ao poder. Deixemos bem claro e digamos em alto e bom tom que são personagens nocivos e ultrapassados como Temer, Aécio Neves, José Serra, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros parasitas mentecaptos que recentemente ocuparam ou ocupam os altos postos no cenário político brasileiro, que levam ilusoriamente a acreditar que personagens igualmente ultrapassados e incompetentes como Dilma Roussef, Lula e todo o seu bando possam representar algum tipo de solução alternativa.
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          Não levem a mal nenhum dos senhores acima citados, sinceramente não é nada pessoal, sou apenas um brasileiro e sobretudo um cidadão do mundo fazendo uso de sua liberdade de expressão para pensar em voz alta e publicamente. Reconheço inclusive a importância do papel de alguns dos senhores na história recente de nosso país. Em minha humilde visão, acredito que seja inegável, por exemplo, a relevância da atuação de Fernando Henrique Cardoso na estabilização e posterior melhoria da economia brasileira com a implementação do Real. Consigo identificar também, acertos e avanços significativos na saúde a partir das medidas propostas e implementadas por José Serra enquanto ministro. Acredito ser igualmente inquestionável, podendo inclusive ser refletido em dados estatísticos e sobretudo com exemplos reais que saltam aos olhos em todas as cidades brasileiras, as melhorias sócio-econômicas da maioria da população brasileira (especialmente dos historicamente menos favorecidos) no transcurso dos governos petistas, iniciados por Lula e que tiveram sequência nos governos de Dilma Roussef, até serem abruptamente interrompidos pelo golpe político promovido pela quadrilha que atualmente (e ilegitimamente) usurpa o poder político brasileiro a favor e serviço do capital internacional. Os demais personagens, por sua vez, minha lucidez e bom-senso impossibilitam a identificação de qualquer contribuição positiva, por ínfima que seja.
          Aprofundemos um pouco mais nossa análise, de modo a compreendermos com maior clareza e profundidade a co-relação de forças na atual conjuntura. Historicamente, as elites brasileiras governaram o país em seu próprio benefício com certa facilidade, auxiliadas e às custas, em grande medida, da ignorância, do analfabetismo político, da miséria opressiva da maioria da população e do poderoso apoio midiático concedido sobretudo pela Rede Globo e pelos principais órgãos da imprensa oficial do país.
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          Com a acensão de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da república, a histórica hegemonia política das elites foi abalada, ou ao menos parcialmente abalada, pois, a hegemonia econômica e parlamentar não deixaram jamais de lhes conceder um papel central no jogo político nacional. É conhecida e sabida a trajetória de Lula como o mais importante líder sindical da história brasileira, uma história combativa e de lutas que, em minha humilde opinião, é passível do mais sincero respeito e reconhecimento por parte da classe trabalhadora do Brasil e do mundo. 
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Contudo, também foi perceptível a guinada de Lula, do PT e de boa parte da esquerda brasileira que, em certo momento, resolveu entrar em acordo com os antigos coronéis da política e da elite nacional a fim de garantir a subida ao poder. Para que tal acensão fosse possível, foram dados claros sinais aos caciques do capital internacional de que o perfil revolucionário, que animara a trajetória sindical de Lula e do PT, haviam ficado no passado e de que a proposta e o compromisso assumidos a partir de então seria cumprir o papel de uma administração social-democrata com perfil mais voltado para o social (beirando, em alguns momentos, o populismo paternalista declarado). Assim, após longa batalha, Lula sobe ao poder ao lado de José Alencar (representante da tradicional elite nacional).
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Na presidência, Lula se beneficia e dá continuidade a estabilidade econômica iniciada nos governos FHC, além de ser favorecido pelo bom momento da economia mundial de então. Desse modo, consegue fazer um governo que agradou a gregos e troianos, beneficiou as elites com ganhos astronômicos e pode garantir uma melhoria sem igual para a vida de milhões de brasileiros, inserindo-os em patamares mais elevados na escala sócio-econômica. Tudo isso, associado ao enorme carisma e a grande habilidade retórica e oratória de Lula, colocaram os seus dois mandatos no governo na condição de quase inquestionáveis. Quase... não fossem os escândalos de corrupção que assolaram os altos escalões do governo, prejudicando assim o projeto sucessório do PT na sua intenção de permanência no poder.
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          Tais escândalos representaram o mote inicial para reacender os ânimos da tradicional elite política e econômica brasileira que se imaginava definitivamente ultrapassada e que já havia se acostumado com o papel de coadjuvante política, embora nunca tenha aberto mão de ser a maior e principal beneficiária dos ganhos e melhorias econômicas do país. Contudo, enquanto a situação econômica brasileira permanecia estável, com a classe média nacional podendo viajar de avião (pelo Brasil e pelo exterior), trocar de carro todo ano, comprar móveis, imóveis e supérfluos como nunca, não importava que a frente do executivo tivéssemos uma pessoa com pouco brilho político, nenhum carisma, com precária habilidade diplomática para costurar os acordos necessários com o parlamento, mas com uma suposta competência administrativa e econômica que acabaram sendo questionados pelos fatos e definitivamente ceifadas pelo golpe político.
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Mesmo assim, Dilma chegou ao seu segundo mandato com a aprovação e o apoio da maioria da população brasileira. Ao seu lado, até então insignificante e praticamente imperceptível, um personagem apático que é posto na vice-presidência por representar o maior partido político brasileiro (PMDB que, historicamente, sendo posição ou sendo oposição sempre foi governo), identificado naquele momento pela cúpula do PT como importante aliado no congresso nacional para a aprovação dos projetos do governo. Para sermos justos, enquanto vice-presidente, Michel Temer só não foi completamente ignorado graças a presença ao seu lado de sua atual esposa, uma jovem ex-modelo que se apaixonou lindamente por um esbelto representante da terceira idade (por prudência, nesse caso, fiz uso do recurso da ironia) e agora encena o papel de boa moça "recatada e do lar" em frente as câmeras da mídia global.
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Mas, enquanto tudo isso acontecia, a verdadeira verdade é que a elite brasileira remoia rancorosamente a impossibilidade de voltar ao poder pela via democrática. Especialmente após a vitória de Dilma Roussef sobre Aécio Neves para o seu segundo mandato.
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          A crise econômica enfrentada pelo governo Dilma em seu segundo mandato, associada a incompetência generalizada do governo ao lidar com a mesma, tiraram a classe média brasileira de sua zona de conforto, ameaçando a mesma do usufruto do sonho do american way of life, criando assim, as condições necessárias para uma virada de mesa no jogo político brasileiro. Velhos abutres voltaram a apresentar suas garras, a mídia golpista que apoio o golpe militar na década de 1960, agora aliada aos antigos coronéis da política, ao grande empresariado nacional encabeçado pela FIESP e aos interesses especulativos do capital internacional, engendra e leva a cabo o vergonhoso golpe político brasileiro de 2016.
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Nesse contexto, não importa que Lula e os governos petistas não tenham sido corajosos o suficiente para honrarem sua trajetória histórica e levar a cabo reformas políticas mais consistentes favorecendo mais incisivamente a classe trabalhadora, ou uma reforma agrária que amenizasse as injustiças no campo que remontam desde a origem da república brasileira, não importa que, durante os mesmos governos, o grande empresariado e os urubus do mercado financeiro tenham obtido lucros estratosféricos; ainda assim e apesar disso, sob o pretexto hipócrita do combate a corrupção e empunhando a bandeira do combate ao suposto "comunismo petista", a elite brasileira foi às ruas, com sua cara lavada e vestindo suas camisetas nike da seleção para destituir Dilma e pôr em seu lugar uma figura suficientemente inexpressiva que levasse a cabo todos os projetos, por mais absurdos e danosos que fossem para o conjunto da população brasileira e mesmo para os interesses estratégicos nacionais, que satisfizesse os interesses dessas mesmas elites e fizesse a alegria do capital especulativo internacional.
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Sob o pretexto hipócrita do combate à corrupção, um parlamento corrupto, apoiado por uma população alienada, ignorante e igualmente corrupta, destituiu uma presidenta legitimamente eleita, e tudo isso, em nome da democracia. Desculpem, mas esse paradoxo, para mim, beira o absurdo e a insanidade derradeira. Soa mais ou menos assim: "Para melhorar o que está ruim, vamos piorar ainda mais". Isso simplesmente não faz sentido! Reflitam, pensem um pouco e tirem suas próprias conclusões.
          Agora o que temos então, após uma série de absurdos já empreendidos e outros tantos ainda por serem executados pelo governo Temer, que vão desde a entrega do Pré-Sal ao capital internacional, perpassando por uma Reforma do Ensino que visa criar "um estoque populacional para a indústria" (nas palavras de um empresário convidado a sugerir propostas para a educação pelo alto escalão do MEC, que ouviu atentamente também as sugestões de um sábio ator da indústria pornográfica), culminando na aprovação da PEC 241 pelo congresso nacional, que representa um golpe aterrador aos interesses públicos nacionais, o que temos definitivamente é um partido... um país partido, partido e quebrado em vários cacos: "Fora Dilma", "Fora Temer", "Fora Todos", "Eleições Diretas Já". São múltiplos e variados os cacos em que a nação brasileira se vê atualmente partida.
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          Mas eis que chega o momento de acordar, despertar e maduramente encarar de frente o cerne da questão, a partir de então sim, arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. E o cerne da questão a que me refiro já não se restringe apenas as fronteiras nacionais, diz respeito, isto sim, à República Planetária globalizada. O cerne da questão irmãos, corresponde ao colapso do projeto iluminista e da Modernidade ocidental, do qual a ruína dos Estados Nação são apenas um adendo. A crise verdadeira é uma crise civilizatória que, se não for devidamente tratada e encarada colocará definitivamente em cheque a possibilidade da vida humana sobre o planeta!
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A solução para a mesma, até onde isso ainda se encontra no alcance de nossas humanas possibilidades, não virá seguramente de qualquer governo, nem de qualquer revolução social ou política, sequer da ausência e da extinção de todos os governos. Por favor, paremos e pensemos juntos ao menos por um momento, sem uma autêntica e verdadeira revolução interior do despertar das consciências e do rompimento do denso véu da ignorância, nem Dilma, nem Temer, nem nenhuma Revolução social e política, nem, muito menos Obama, Hilary Clinton ou a besta quadrada do Trump com suas blasfêmias estapafúrdias poderão resolver qualquer problema, em verdade, poderão quando muito agravá-los e intensificá-los. A verdadeira solução se encontra, parte e perpassa pela transformação de cada indivíduo, da transformação profunda de sua consciência, no despertar da mesma, para que então possamos nos abrir em diálogo edificante e solidário com os outros indivíduos que coabitam o mesmo planeta conosco, para deliberarmos, consciente e lucidamente sobre as reais demandas e prioridades de nós mesmo enquanto seres humanos e planetários, de nossas famílias, de nossas comunidades locais (bairros, cidades, províncias ou Estados), países, continentes, até que enfim, toda a República Planetária possa se converter num verdadeiro lar para os humanos e todos os demais seres que a Terra abriga e acolhe (e não uma perigosa bomba relógio atômica prestes a explodir a qualquer instante).
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          A mudança verdadeira irmãos, implica em uma mudança de perspectiva e de atitude radicais. Que, sinceramente, em nada se assemelha com o que pude observar nas recentes eleições municipais brasileiras, o que vejo, mesmo à distância, nas campanhas para a eleição presidencial norte-americana e que, infelizmente, se reproduz em escala global, em que o egoísmo universal faz com que cada qual visualiza e objetive apensa o seu mesquinho e privado ganho pessoal, na maioria das vezes, às custas do agravamento do colapso de todo planeta. Reunamo-nos em assembleias: famílias, bairros e cidades. E vejamos o que, a partir desses horizontes locais despontam e se colocam como legítimas demandas e urgências. E olhemos por sobre os muros da economia, olhemos pela perspectiva da vida em sua totalidade e compreendamos os humanos como membros dessa grande Teia da Vida (assim como os indivíduos o são da teia social, se não for assim, os indivíduos passam a representar células cancerígenas a prejudicar o bom funcionamento da totalidade). Apenas desse modo irmãos, deixando de concebermo-nos e identificarmo-nos uns aos outros mutuamente como adversários ou inimigos, poderemos olhar para o futuro como um horizonte de vida e não como um campo de morte e o ponto derradeiro da jornada humana. APENAS SE TOMARMOS HOJE, AQUI E AGORA, AS DECISÕES E POSTURAS CORRETAS, SEREMOS DIGNOS DO AMANHÃ, CASO CONTRÁRIO, AMANHÃ PODERÁ SER TARDE DEMAIS. 

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